Símbolo de coragem e da luta por direitos, a líder camponesa assassinada em 1983 é a força inspiradora da Marcha das Margaridas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta quinta-feira (17/8) a lei que inscreve o nome da líder sindical paraibana Margarida Maria Alves, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A medida foi publicada hoje no Diário Oficial da União (DOU). O livro está localizado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, situado na Praça dos Três Poderes em Brasília. O local é aberto à visitação do público em geral, com entrada gratuita.
Margarida Maria Alves nasceu em 5 de agosto de 1933, no município de Alagoa Grande, na Paraíba. Foi trabalhadora rural e rendeira, casou-se e teve um filho. Contra os padrões da época, tornou-se a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.
Lutava pelos direitos dos trabalhadores rurais e reivindicava a regulamentação da jornada de trabalho, carteira assinada, férias e décimo terceiro para camponeses da região. Durante o período em que presidiu o sindicato, fazendeiros e proprietários de engenho receberam centenas de ações trabalhistas por violação nos direitos dos trabalhadores.
Ela foi assassinada a tiros na porta de casa, aos 50 anos de idade, em 12 de agosto de 1983, após sofrer diversas ameaças. Desde então, seu nome se tornou símbolo de força e coragem e sinônimo de luta das mulheres do campo. Neste ano, a morte dela completa 40 anos e as margaridas, como são chamadas as mulheres que participam do encontro, reivindicam direitos sob o tema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo bem viver”.
Ontem, a Marcha das Margaridas 2023, reuniu mais de 100 mil mulheres nas ruas de Brasília.
Inspiração
A proposta de homenagem a uma das pioneiras na organização de sindicatos rurais na Paraíba e símbolo da luta pelos direitos dos agricultores e trabalhadores rurais foi apresentada pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) na Câmara dos Deputados, e na Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado Federal, com a relatoria do senador Paulo Paim (PT-RS). O Projeto de Lei Complementar (PLC) foi aprovado no último dia 15 no Senado.
Lula destacou que “Margarida é símbolo dessa marcha e de muitas lutas. Inspiração para tantas outras mulheres. Mulheres que seguem resistindo e lutando por um mundo melhor, sendo ainda vítimas de tantas violências”.