A ministra Ana Moser assegurou, nesta quarta-feira, às principais entidades do esporte brasileiro, que não existe risco de uma intervenção nos comitês e confederações. Ao fim do encontro, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) saiu em defesa da ministra do Esporte.
“Entende o CPB que os dispositivos constantes na proposta apresentada vão ao encontro dos anseios desta entidade e possibilitam um cenário favorável para o contínuo processo de desenvolvimento do esporte no país”, disse o presidente do órgão, Mizael Conrado, em nota publicada no site do CPB.
A fala do líder paralímpico contrasta com o sentimento exposto por dirigentes do esporte olímpico brasileiro em uma reunião também nesta quarta-feira, no Rio, para discutir o assunto.
Paulo Wanderley, presidente do COB, foi convidado a participar do encontro com a ministra, mas optou por não ir e se reunir com os presidentes de confederação. Ali, a diretoria do comitê criticou um dispositivo incluído na MP das Loterias, alegando que ele feriria o princípio da autonomia das entidades esportivas.
Na sexta, a coluna do jornalista Ancelmo Gois, em O Globo, publicou que este dispositivo da MP seria uma intervenção direta do governo no movimento olímpico e que isso poderia causar a suspensão do Brasil e a proibição do país de participar dos Jogos Olímpicos de Paris sob a bandeira brasileira — o Olhar Olímpico explicou essa confusão aqui.
O Ministério do Esporte tratou a informação como falsa, com Ana Moser indo ao Twitter para exigir retratação por parte do jornal. No mesmo dia, a pasta soltou uma nota oficial em que não negou claramente que não haveria intervenção. Para cartolas ouvidos pela coluna, o texto era dúbio, e isso só fez a crise escalar.
As arestas só foram aparadas em um encontro em Brasília que terminou no fim da tarde. Ali, Ana Moser deixou claro que o dispositivo incluído na MP visa não uma intervenção nas entidades, mas a criação de metas.
Nas palavras do presidente do CBP, o dispositivo “está relacionado com o estabelecimento conjunto, entre o Ministério e as entidades esportivas, de metas para o segmento esportivo, permitindo assim a efetivação do plano nacional do esporte, conforme previsto na LGE (Lei Geral do Esporte)”.
Para dirigentes ouvidos pela coluna, o encontro serviu para aparar arestas e melhorar a relação com a ministra, que era bastante ruim. A permanência dela no cargo, porém, segue dependendo da vontade do presidente Lula (PT). Cartolas graúdos do esporte brasileiro entendem que ela não fica.