De acordo com relatos, funcionários da segurança não reconheceram que Cida Gonçalves e Esther Dweck faziam parte da equipe de Lula
As ministras Cida Gonçalves, Ministério das Mulheres, e Esther Dweck, Ministério da Gestão, relataram terem sido impedidas de entrar no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quinta-feira, 27. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com relatos, funcionários da segurança não reconheceram que ambas faziam parte da equipe ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As ministras se pronunciaram sobre o episódio durante a cerimônia de inauguração dos trabalhos do grupo interministerial, que foi criado com o propósito de combater o assédio no serviço público.
A ministra Cida Gonçalves relatou durante o evento que, em mais de uma ocasião, encontrou dificuldades ao tentar entrar no Palácio do Planalto devido à ação de funcionários da segurança.
“A discriminação passa pelo o que Anielle (Franco, ministra da Igualdade Racial) falou das roupas que a gente usa, da forma como você está. Eu sempre brinco que tem dia que eu chego no Palácio (do Planalto) e os seguranças não me deixam entrar. Eles falam ‘não, a senhora entra por aquela porta’. Ai eu falo ‘eu não tenho cara de ministra, não tenho tamanho de ministra, nem me visto como ministra, mas eu sou ministra’. Ai a Tatiane ou as meninas do corredor saem correndo falando ‘ela é ministra’ “, afirmou.
“Eu coloquei o exemplo do Palácio, mas o que acontece no Palácio acontece em todos os lugares, inclusive no meu ministério”, completou.
Embora os ministros possuam acesso a entradas privativas, de acordo com o relato, Cida foi direcionada a uma entrada diferente e liberada posteriormente por outros funcionários.
Cida prosseguiu afirmando que Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, possivelmente enfrenta mais dificuldades em “convencer todo mundo que ela é uma ministra por ser negra “.
“Eu sempre brinco porque imagina a Anielle, negra, como deve ser difícil convencer todo mundo que ela é uma ministra. Ou o Silvio Almeida”, disse.
A ministra Esther Dweck também relatou que, assim como Cida e Anielle, ela enfrentou a mesma situação de ser barrada no Palácio do Planalto pelo mesmo motivo. A ministra da Gestão destacou que a questão não é culpa dos funcionários de segurança, mas sim resultado de uma “cultura da sociedade brasileira que muitas vezes não imagina certas pessoas ocupando determinados espaços”.
“Quando a Cida falou que ela é barrada no Palácio, eu sou barrada no Palácio, Anielle é barrada no Palácio, e muitas vezes é um terceirizado que fica ali na segurança e isso está na cabeça dele. Isso é que é triste, a sociedade brasileira traz isso para dentro. A pessoa que está ali não tem nenhuma responsabilidade por estar tendo aquela reação, claro, porque isso é fruto de uma cultura da sociedade brasileira de não imaginar determinadas pessoas em determinados espaços”, disse.
Procurado pelo o Terra, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança presidencial, não retornou até o fechamento desta matéria.