Liziane Bayer: “As mulheres precisam vencer o preconceito e contribuir para uma nova política”

Natural de São Pedro do Sul, na região central do Estado, a Pastora Liziane Bayer é filha de agricultores. Em 1986, mudou-se com a família para a cidade de Santa Maria, quando passou a trabalhar no comércio e iniciou um trabalho voluntário dentro da Igreja Internacional da Graça de Deus, ampliando sua atuação com o passar do tempo.

Dez anos depois, transferiu-se para a cidade de Alegrete, onde seu pai assumiu a primeira igreja, como pastor titular. Na cidade, casou-se com o também pastor Daner Trindade, e juntos passaram por várias cidades do estado e do país. “No ministério trabalhei voluntariamente nas mais diversas áreas. O que possibilitou um contato mais próximo com as pessoas e suas necessidades”, disse.

No RS, o trabalho de Liziane ganhou maior notoriedade através do programa de televisão  ‘Mulheres que Vencem’, veiculado todas às quintas-feiras pela TV Pampa de Porto Alegre. A atração aborda temas relacionados à vida da mulher e da família cristã.

Eleita deputada estadual com 29.121 votos e estreante na política partidária, Liziane concedeu entrevista exclusiva ao portal do PSB/RS, onde adiantou as ações que pretende liderar na Assembleia Legislativa, defendeu uma maior participação feminina na política nacional e adiantou que sua experiência como Pastora será fundamental para o êxito de seu mandato. Confira abaixo:

PSB/RS: Quais as suas expectativas para o mandato na Assembleia Legislativa?  

Liziane Bayer:O objetivo é construir um trabalho transparente e que busque atender as necessidades da sociedade gaúcha como um todo.

PSB/RS: Qual a sua trajetória dentro da política partidária? 

Liziane:Foi a minha primeira experiência. A ideia inicial era concorrer ao cargo de vereadora nas eleições de 2012, porém na época meu domicílio eleitoral era em outro município e não havia tempo hábil para transferi-lo. Não pude concorrer naquele ano, mas o desejo não morreu ali e nossa instituição manteve meu nome para concorrer então para o cargo de deputada estadual.

PSB/RS: O que a motivou a concorrer?

Liziane:Minha motivação é a mesma de hoje: representar a mulher cristã que tem pensamentos semelhantes aos meus e ideias que entendemos que devem ser ouvidas.

PSB/RS: Por que a escolha pelo Partido Socialista Brasileiro? 

Liziane:Eu nunca fui filiada a partido político. Escolhi o PSB porque me identifiquei com algumas bandeiras que o partido levanta e porque fui prontamente recebida pelo presidente municipal Antonio Elisandro [de Porto Alegre] e acolhida pelos demais companheiros do partido.

PSB/RS: Quais serão as principais ações, áreas de atuação de seu mandato? 

Liziane:Acredito que poderei contribuir para o desenvolvimento do nosso estado através da defesa de políticas públicas que atendam as expectativas da sociedade. Tenho um carinho especial pelas causas das mulheres e tudo que as envolve, já que esta é minha área de atuação dentro do meu ministério.

PSB/RS: Como a senhora avalia o desempenho e o posicionamento do PSB gaúcho nas eleições de 2014? 

Liziane:Penso que tivemos eleições atípicas, mas nos saímos bem apesar de tudo. Vejo um partido mais fortalecido, que obteve resultados melhores que 2010 e manteve as três cadeiras na Assembleia Legislativa gaúcha. Tivemos dois socialistas eleitos para a Câmara Federal  e contribuímos com a eleição do governador a quem apoiamos desde o primeiro momento.

PSB/RS: Dos 55 parlamentares eleitos, apenas sete são mulheres, um total de 12,7%. Por que o índice de mulheres na política ainda é baixo? É possível mudar esse cenário? 

Liziane:Para boa parte das mulheres a vida política é uma realidade muito distante. Para mudarmos essa realidade é necessário levar a política de forma descomplicada à vida da mulher. Se desde a escola informássemos as crianças, não só as mulheres se envolveriam como também mais jovens e pessoas que de certa forma não se sentem ligadas ao meio.

PSBRS: Existe preconceito?

Liziane: Existe ainda muito preconceito em relação à mulher na política, assim como em outros setores. Falta reconhecimento e investimento nas campanhas eleitorais femininas e faltam mulheres que se disponham a encarar verdadeiramente o processo eleitoral, deixando de lado o hábito de alguns partidos de cumprir cota para legitimar candidaturas masculinas. Precisamos vencer o preconceito e servir de exemplo para que outras mulheres se juntem a nós e venham agregar suas experiências de vida a uma política carente de verdade, de sentimento e de bons princípios. Enfim, as mulheres precisam vencer o preconceito e contribuir para uma nova política.

PSB/RS: Em contrapartida, a chamada ‘bancada evangélica’ ganhou reforço para a próxima legislatura. A eleição da senhora é um exemplo. De que forma a religião pode contribuir com a política? 

Liziane:Acredito que os evangélicos eleitos representam uma causa, assim como representam os eleitos ligados a outros movimentos da sociedade, como os agricultores, professores, médicos, enfermeiros, etc. Cada um poderá contribuir com seu conhecimento de vida e da sua área para o crescimento que buscamos para o bom convívio em sociedade.

PSB/RS: Quais são as suas grandes referências na política? Quais políticos em que você se inspira e por quê? 

Liziane:Eu não saberia citar um nome, mas sim qualidades que me atraem e que identifico como essenciais na vida de alguém que decidiu trabalhar e viver em prol das pessoas, tendo contato direto com diversas realidades, desde famílias e trabalhadores, jovens e idosos, até empresas, organismos institucionais e associações. O valoroso representante do povo é aquele que vive para a política e não da política. Política é vocação e uma luta constante contra vaidades, ou pelo menos deveria ser.