A aversão do presidente Jair Bolsonaro (PL) às mulheres fica escancarado em inúmeras declarações machistas e misóginas e na incansável retirada de direitos. Do incentivo ao estupro e veto de questões elementares, tais como o veto da distribuição gratuita de absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade à aprovação de reformas que atingem em cheio as mulheres, Bolsonaro destila ódio.
O mais recente episódio de misoginia se deu quando o mandatário exibiu uma “piada” machista do humorístico “A Praça É Nossa” para ironizar um casal de apoiadores no cercadinho do Palácio do Alvorada.
Uma mulher que estava presente no local disse que Bolsonaro seria uma espécie de padrinho do casamento dela com o noivo, afinal eles se conheceram por serem bolsonaristas.
“Ele é 110% Bolsonaro, 100% de direita, conservador, família, acertei na Mega-Sena”, afirmou a mulher.
O presidente não se interessou muito na história de amor e decidiu fazer piada com a “mega-sena” conservadora. “Você falou que ganhou na Mega-Sena. Posso fazer uma piada aqui? Pessoal faz silêncio para ouvir. É o Paulinho Gogó”, disse. Bolsonaro é fã de Paulinho Gogó e de A Praça É Nossa.
A piada machista exibida por Bolsonaro associa a conquista de uma mulher à conta bancária do homem.
O deboche com seus apoiadores aconteceu logo após a missa de Sétimo Dia da mãe do presidente, Olinda Bonturi Bolsonaro.
Misoginia de Bolsonaro já foi parar na Justiça
Em junho do ano passado, a Justiça Federal em São Paulo determinou que o governo federal repare a população por meio do pagamento de R$ 5 milhões pelos danos morais provocados por declarações do presidente Jair Bolsonaro e seus ministros, que discriminam e reforçam o preconceito contra mulheres. Cabe recurso da decisão.
A União também deveria investir R$ 10 milhões em campanhas pela conscientização sobre a violência, assédio e desigualdade contra as mulheres, sobre os direitos que as vítimas de violência têm de contar com a segurança, a saúde e a assistência pública, e sobre a implementação políticas públicas que visem a igualdade de gênero.
Na época, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou, por meio de nota, que não comenta processos em tramitação judicial.
A decisão foi referente a uma ação movida pelo Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP), que apontou que mensagens e pronunciamentos de agentes públicos da gestão federal continham caráter discriminatório e preconceituoso em relação às mulheres, impactando negativamente a sociedade brasileira.
Declarações machistas
Veja abaixo alguns exemplos de declarações machistas dadas por Bolsonaro e membros do governo:
Bolsonaro disse que cada mulher no governo “equivale por dez homens”;
Bolsonaro disse que “o Brasil não pode ser o país do turismo gay”, mas se alguém “quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”;
Bolsonaro disse que o Brasil é uma “virgem que todo tarado de fora quer”;
a declaração do presidente em visita à Arábia Saudita de que “todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe, principalmente vocês, mulheres”;
a declaração do presidente sobre o apoio do presidente da Argentina, Alberto Fernández, ao aborto: “tá aí, povo argentino, lamento, é o que vocês merecem”;
a ofensa do presidente a uma repórter da “Folha de S. Paulo” com insinuações sexuais por uma matéria sobre disparo em massa de mensagens;
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, disse que a mulher deve ser submissa ao homem no casamento;
A ministra Damares Alves disse que o abuso sexual de meninas na Ilha de Marajó, no Pará, se deve à falta de calcinhas;
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a companheira do presidente da França “é feia mesmo”;
O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que aborto não deve ser tratado como questão de saúde, e comparou o debate a “uma gilete dentro de um bolo”.
Fonte: Socialismo Criativo