Na noite do dia 24.09 foi realizada, com as mulheres do Sul do País, a última atividade virtual para debater sobre a Autorreforma e as socialistas do PSB. As reuniões regionais ocorreram desde maio deste ano com o objetivo de promover e estimular o pensamento entre as mulheres sobre a Autorreforma do PSB, que almeja renovar e modernizar o estatuto do partido.
A Secretária Nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires, na abertura da live, defendeu o poder do debate, pois ele é de fundamental importância e é preciso reinventar o que se chama do fazer político. “É preciso mobilizar a sociedade para essa luta tão insana que é a desigualdade e o combate às violências. A Autorreforma do PSB representa essa contribuição inovadora para construção de um projeto nacional de desenvolvimento entre os desafios do nosso povo, da nossa população e entre nós socialistas”, disse.
Em seguida, foi a vez das secretárias estaduais da região sul, falarem sobre a Autorreforma. Por problemas técnicos, a secretária estadual do Rio Grande de Sul, Maria Luiza Loose (Malu), não pode comparecer.
A secretária estadual do Paraná, Maria Ezi Cheiran, disse que é importante, sim, dar uma atenção à questão da autorreforma e citou a tese 271 que se refere: ”Os socialistas reivindicam a humanização do atendimento à saúde mental das mulheres e a estruturação de unidades hospitalares e de especialidades da saúde da mulher, na rede pública do SUS.” Para a secretária paranaense “As nossas políticas públicas de saúde são construídas ainda por homens, então quem sabe quem pode dizer o que é melhor pra nossa saúde somos nós mesmas. É uma pauta que eu gostaria que fosse revista com carinho e eu acho que a gente tem que conversar mais sobre essa pauta”, defendeu.
Maria Ezi Cheiran relatou ainda que tem pós-graduação em Gestão de Saúde e que escuta muito na área da saúde mental pessoas dizendo que mulher que dá problema, é mais fácil tratá-la em casa do que em instituições hospitalares. “O que não é verdade porque muitas vezes a família não está preparada e não tem o conhecimento e a forma real de cuidar”, pontuou a secretária estadual do Paraná.
A nova secretária estadual de Santa Catarina, Caren Machado, logo de início citou que ao ver Dora Pires discursar, lembrou da frase que diz: “Mulheres empoderadas, empoderam outras mulheres.”
“A Dora a todo momento se preocupa com isso, empoderar a gente. Eu me sinto mais empoderada na companhia dela”, afirmou.
Sobre o livro 5 de teses, Caren disse que é preciso acrescentar uma tese que se refere à paridade, que por mais que haja questões sobre a paridade, é preciso buscar a paridade nos cargos legislativos assim como é no México. Ela também citou o combate da violência contra a mulher intrapartidária. “É uma bandeira importante e que temos que começar a pela nossa casa”, defendeu.
A primeira convidada a falar foi Elizete Lanzoni que, inicialmente, levou até a reunião um apanhado geral da autorreforma: “O PSB, nos últimos anos, tem se dedicado ao desenvolvimento de uma estrutura, de um programa que contempla diretrizes socialistas para o século XXI. Estava na hora de fazer esta autorreforma, mesmo porque nós precisamos situar o socialismo XXI. Hoje, principalmente, com essa passagem monstruosa, vamos dizer assim, do Bolsonaro pelo governo e desastre político e de gestão, nós tivemos uma crítica muito grande, um ataque ao pessoal de esquerda e, claro, ao socialismo. E as pessoas então confundem socialismo com comunismo. Portanto, é importante que o PSB realmente dentro desta Autorreforma firme o conceito de um socialismo criativo para o século XXI e, para isso, estruturou cinco eixos de temas e propostas e através do estudo desse desenvolvimento das discussões criou várias teses”.
Elizete Lanzoni disse ainda: “As teses estão sendo ampliadas, modificadas a muitas mãos. A atualização do partido perante o universo da gestão da economia interna e mundial, do desenvolvimento econômico científico e também do desenvolvimento tecnológico e, mais do que isto, a Autorreforma como eu falei no início, ela põe um olhar para dentro do partido e revendo seus objetivos, finalidades, a gente tem um estatuto, e outros temas que envolvem uma auto-análise para averiguação o que está ou não dando certo. Todas e todas, negros, mulheres, LGBTQ+, todos os representantes dos movimentos passam a ter um papel pró-ativo no partido e não só participativo, mas proativo. Isso tem um significado profundo no que diz respeito ao cumprimento do compromisso da igualdade e da paridade. Então, trazendo pro foco do coletivo de mulheres, passa a dar conta de que o PSB pretende ser um modelo partidário, modelo ideal, o paradigma partidário e isso deve ser feito no papel, mas também na prática. Por isso, a necessidade desse olhar para dentro do partido e é possível ver uma evolução em relação às teses que tratam especificamente da questão das mulheres, desde o livro 1 até o livro 5”, refletiu a jurista.
Ela citou, ainda, a tese 269 que descreve: “Os socialistas defendem a igualdade de gênero como a base necessária para o desenvolvimento de uma democracia econômica, social e política substantiva. Somente o alcance da igualdade de gênero permitirá superar opressões estruturadas em um sistema patriarcal, machista, racista e LGBTfóbico, que marginaliza indivíduos e grupos sociais.” Para Elizete Lanzoni: “a tese é aquilo que, para nós mulheres do PSB, na minha minha compreensão, é o que tem de mais importante porque desta igualdade de gênero com base no desenvolvimento de uma democracia econômica, social, política substantiva que envolve a questão da sustentabilidade ela acaba capilarizando para outras exigências, outras necessidades que nós mulheres encontramos na sociedade e dentro do partido”, encerrou.
Posteriormente, Luana Florentino, a segunda convidada, abordou que para ela a Autorreforma é um sopro de esperança e que ela se sente grata por isso. E que as modificações da Autorreforma e também de todas as teses movem muito ela. “O sentimento de que essa transformação econômica e social só vai ser, de fato efetiva, quando nós retornamos debates de gênero desde a nossa infância que era coincidentemente o que a gente tava falando antes de começar a reunião. Quando a gente começar a entender as estruturas que fizeram nós sermos quem nós somos né? Nós só teremos essas transformações sociais quando nós rompermos com as violências, inclusive as de gênero, que são as que nós estamos debatendo hoje de forma mais complexa que acontecem também desde lá da primeira infância, que acontecem do irmão e da irmã que estão ali na discussão”, pontuou.
Luana Florentino fez a abordagem também da tese 282 que fala “O PSB tem como objetivo alcançar a paridade da representação feminina na composição dos Diretórios e Executivas Municipais, Estaduais, Distrital e Nacional, com o compromisso de estabelecer metas e apresentar dados para controle público”: “A Elizete falou muito sobre a questão de que os 50% tem que estar inserido em todas as esferas. Eu acho, eu acho não, tenho certeza que dentro dessa esfera também tem que estar. Então, eu senti muita falta nessa tese, dessa meta quantitativa também. A gente colocou ali a quantitativa na tese relacionada ao legislativo, ao executivo, ao judiciário, mas nós também precisamos, eu acho que colocar aqui dentro, porque como também a Elizete mencionou em muitas vezes na sua fala, quando a gente fala de Autorreforma, a gente fala principalmente de dentro pra fora. Então, precisamos trabalhar e complementar essa tese no sentido de deixá-la mais clara. Esse percentual de representatividade das mulheres que a gente precisa ter dentro, principalmente dentro do nosso partido, que é o partido que vai sim e já é, exemplo de mudanças para os outros”, concluiu Luana.
Envio das alterações das teses
A secretária nacional, Dora Pires, reforçou também na reunião que, durante o encontro do conselho político da secretaria, realizado em 22 de setembro, em Brasília, foi definido o modelo de sistematização das teses e que cada região contará com uma representante, que foi disponibilizado nos grupos do WhatsApp das regionais.
O Nordeste ficou representado pela companheira Silvana Castro (PI), o Centro-Oeste por Geralda Rezende (DF), o Norte por Marcinha (AM), Mardelena pelo Sudeste, e Caren pelo Sul. Essa comissão analisará as contribuições que devem ser enviadas até o dia 30 de outubro. As alterações devem ser encaminhadas por meio do e-mail: autorreformamulheres@mulheressocialistas.org.br.
Quem vai coordenar a síntese das propostas da Secretaria Nacional de Mulheres da Autorreforma é a companheira Mari Machado, que também é secretária especial da Executiva Nacional do PSB.
O próximo encontro das mulheres socialistas está marcado para ocorrer nos dias 15, 16 e 17 de novembro, em Brasília, durante o Seminário da Secretaria Nacional das Mulheres que terá como foco a discussão da Autorreforma, baseada nas alterações sugeridas pelas companheiras.