Após um ano e meio sem ações presenciais, as mulheres socialistas se encontraram, em 22 de setembro, para a reunião do Conselho Político da Secretaria Nacional de Mulheres do PSB, em Brasília (DF); o último encontro havia sido em Vitória (ES), em fevereiro de 2020.
A reunião foi aberta com a Secretária Nacional, Dora Pires, que disse: “Precisamos marchar juntas e ir em frente para cumprir a nossa tarefa que é buscar melhores dias para as mulheres na política. O PSB está em um momento auspicioso. Vivemos um momento diferenciado, onde o partido traz uma renovação no campo progressista com a chegada de nomes de impacto como o do governador do Maranhão, Flávio Dino; o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) e, agora, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP)”.
Em seguida, a advogada Gabriela Rollemberg fez uma apresentação sobre as mudanças eleitorais e os impactos nos direitos das mulheres ante o novo código eleitoral com vistas às eleições de 2022.
Foi um momento de troca, em que as companheiras puderam expor seus relatos da luta na vida política. A vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes, pontuou que: “É urgente trabalhar nas futuras campanhas com foco na prevenção à violência política”. Destacou, também, sobre a Agenda Mulher, projeto no qual disse ter o privilégio de poder trabalhar e empoderar as mulheres dentro da política pública.
“A mulher ganha, se elege, mas não tem a instrumentalização necessária para dar seguimento ao mandato. E há um tema muito importante também a ser debatido, que é a questão da violência política de gênero, que foi falado no nosso último encontro (no Espírito Santo) e, desde aquele momento, a Dora puxou essa pauta. E não é só no período eleitoral que é preciso combater o debate de ódio”, reforçou a vice-governadora, que destacou igualmente a urgência em se tratar o tema da violência partidária.
Além de Jacqueline, muitas companheiras relataram que sofrem e/ou sofreram atos de violência política de gênero e não sabem como se posicionar. Portanto, é fundamental que haja formação específica para capacitar as socialistas a enfrentar situações de desconforto e assédio que acometem as mulheres. Para haver mais mulheres na política é preciso que elas recebam orientação sobre como trabalhar e enfrentar o machismo e a violência que ocorrem dentro dos espaços políticos e fortalecer a troca de informações entre elas.
Foram apresentadas, também, as novas secretárias estaduais de mulheres: as companheiras Caren Machado, de Santa Catarina; Chaguinha, de Rondônia; e Lucilene Kalunga, de Goiás.
Reunião com o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira
Já no período da tarde, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, participou do encontro e reforçou a importância das socialista no debate da Autorreforma: “As mulheres têm dado grande contribuição. Temos recebido, de várias partes do País, sugestões das mulheres que vêm pela Comissão de Sistematização. Todas as secretárias nacionais de mulheres terão o seu protagonismo na construção do Congresso Constituinte da Autorreforma”, ressaltou.
A secretária especial da Executiva Nacional do PSB, Mari Machado, abordou sobre como é frequente as mulheres enfrentarem barreiras que vem dos homens. “Quando vemos, tem alguém questionando a nossa presença, ou não dando importância para a participação das mulheres, ou cometendo algum tipo de violência política de gênero, ou desmerecendo uma candidatura feminina, ou desqualificando a nossa presença numa direção partidária”, abordou.
Dora Pires falou que: “Fortalecer as mulheres e identificá-las em seu potencial é a nossa luta. A luta política é difícil, mas a eleitoral é ainda mais difícil, considerando a invisibilidade e a dificuldade que nós temos de construir essa parte com os homens, de uma maneira geral”, afirmou. É fundamental que o PSB nacional se debruce sobre essas questões para que a gente não seja tão excluída dos espaços de poder”, finalizou.
Após reunião com o presidente nacional do PSB, Mari Machado apresentou o instrumental que deve ser usado para as socialistas pontuarem as suas sugestões de aperfeiçoamento das teses da Autorreforma do PSB e as mulheres socialistas.
Avaliação das eleições municipais de 2020
Já no período da noite, as socialistas compartilharam relatos sobre as eleições de 2020. Laura Gomes, deputada estadual de Pernambuco, disse que Pernambuco é onde o PSB tem influência, mas que, em 2020, foi um ano de eleição diferente, principalmente para Câmara Municipal, ressaltando o município de Caruaru, onde tem vivência. “Caruaru elegeu 4 mulheres pela primeira vez, mas todas são de extrema-direita, fez 50 vereadoras e 9 prefeitas. Estou indo atrás delas para ajudar na formação e discussão política, mas falta essas informações e formações para o fortalecimento a discussão de mulheres.”
“Como fazer para que as mulheres queiram se interessar mesmo sabendo que existe toda uma discussão ideológica, e que muitas ainda seguem na lógica: a do favor, o que vou ganhar?”, relatou a deputada estadual.
A nova secretária das mulheres de Goiás, Lucilene Kalunga, contou que está há cinco meses como secretária. E que, em Goiás, tiveram 39 candidatas entre vereadoras, prefeitas e vices, sendo eleita uma prefeita e nove vereadoras. “Percebemos a grande dificuldade de executar a função da mandatária. A gente percebe que há falta de apoio e formação para entender o que é e como é o legislar. Estou passando por uma situação com falta de estrutura dentro do grupo partidário pela falta de gestão. Tinha uma presidência, mas que não pautava a questão de gênero, a pasta da mulher não tinha organização. A gente fez um planejamento para executar ações na ponta.”
Em novembro, as mulheres socialistas têm encontro marcado no seminário nacional para debater a Autorreforma do partido sob a ótica de gênero.
Com informações do PSB Nacional