A senadora Leila Barros (PSB-DF), mais conhecida como Leila do Vôlei, chegou aos assuntos mais comentados do Twitter nesta terça-feira (1o), em razão da fala que fez durante a CPI da Pandemia. Durante o depoimento da oncologista Nise Yamaguchi à comissão, a parlamentar, da Oposição, reclamou que os senadores estavam interrompendo muito a médica e pediu que a deixassem falar. A atitude da socialista foi bastante elogiada nas redes e o nome dela chegou a mais de 10 mil menções no Twitter.
Leila aponta machismo na CPI
Leila Barros também passou por uma situação constrangedora durante a oitiva ex-chefe da Secretaria de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten. Ela questionava Wajngarten, quando o colega Marcos Rogério (DEM-RO) a interrompeu e disse: “calma senadora, não fique nervosa”. Houve bate-boca. “Tem uma senadora falando presidente, vamos lhe assegurar a palavra”, interveio o relator Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Leila Barros, depois, publicou o vídeo da confusão nas redes sociais com a seguinte mensagem: “Apesar de cansativo, às vezes é bom ser desacreditada e acusada de ‘estar nervosa’ ao vivo para todo o país, pois dessa forma fica exposto o machismo estrutural que existe no Brasil. No ambiente político não é diferente. Ele apenas reproduz o que muitas de nós vivemos diariamente”.
Nise contradiz Barras Torres e Mandetta
Em depoimento à CPI nesta terça, a médica Nise Yamaguchi negou que tenha apresentado uma minuta de decreto propondo a mudança da bula da cloroquina para que o medicamento fosse recomendado para tratar pacientes com a doença. Ela negou, inclusive, a existência da proposta de mudança.
Antes de questionar a médica sobre a minuta, o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou um vídeo do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em que ele acusa Nise de ter sido a responsável pela proposta. Em depoimento à CPI, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, também acusou a médica do mesmo feito.
“Eu não fiz nenhuma minuta, inclusive eu não conhecia esse papel. Essa reunião que ele se refere, que ocorreu no Palácio do Planalto, com presença do Almirante Barras, do ministro Mandetta, estava bastante cheia a sala, eu não conhecia as pessoas que estavam.”
Nise Yamaguchi
Em seguida, ela afirmou que lhe foi solicitado na reunião para falar sobre a diretriz do Ministério da Saúde que recomendava a hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19. “Depois da reunião eu descobri que eles estavam falando sobre uma minuta, e que essa minuta ela jamais falava de bula, falava sobre a possibilidade de haver uma disponibilização de medicamento…”, continuou Nise, sendo interrompida por seu advogado.
“O que estava sendo discutido era o medicamento, não a inserção da bula. Inclusive, que essa adesão ao tratamento do medicamento deveria ser acordada entre médico e paciente que desejarem por livre e espontânea vontade fazerem parte”, prosseguiu a médica.
Mudança na bula da cloroquina na CPI
Nise Yamaguchi afirmou que o tenente-médico Luciano Dias Azevedo foi o responsável por ter trabalhado na “minuta” que estava em discussão na reunião, que tratava sobre a distribuição de cloroquina. Ela afirmou que pediu o documento ao fim da reunião, mas repetiu que não havia nada sobre mudança na bula.
Azevedo participou do encontro de médicos bolsonaristas “Brasil Vencendo a Covid-19”, no Palácio do Planalto, no dia 24 de abril do ano passado. O grupo entregou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendendo o chamado “tratamento precoce” contra a covid, o que envolve o uso de cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença. Na ocasião, o tenente discursou em defesa da cloroquina.
Presidente da CPI se irrita com Nise
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), se irritou com as omissões, contradições e mentiras ditas pela médica Nise Yamaguchi que foi convidada – e por isso não está comprometida a dizer a verdade – para a oitiva. Diante da insistência da médica em não responder as perguntas, Aziz disse que vai pedir a convocação, quando ela poderá ser presa caso não fale a verdade.
“Infelizmente, doutora Nise, o que o seus colegas me falaram eu retiro completamente, eles estão completamente equivocados em relação a ela. A senhora está omitindo muita coisa aqui”.
Omar Aziz voltou a se irritar após o relator, Renan Calheiros (MDB-AL) exibir um vídeo em que a médica defende o tratamento precoce e a “vacinação aleatória” da população.
“A senhora disse em vacinar aleatoriamente. Tem que vacinar todos os brasileiros, doutora Nise. Pela amor de Deus, doutora Nise. A senhora me desculpe. Para quem está ouvindo ela, não acreditem nela, tem que vacinar. A vacina salva, tratamento precoce não salva”.
Omar Aziz
Diante das contradições e mentiras da médica, que tem participado da estratégia de defender Bolsonaro, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu o fim da sessão e convocação de Nise Yamaguchi – para que ela possa ser presa, caso minta.
Impeachment pode ser “consequência da CPI”
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (31), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI do Pandemia, não descartou a possibilidade de que o presidente Bolsonaro, ao término da apuração da comissão, seja alvo de um processo de impeachment.
“Um eventual impeachment pode ser consequência do relatório final. Temos que reunir elementos pra isso. A pergunta central da CPI é: quem são os responsáveis pelo Brasil, em números proporcionais, ser o país que mais mata por covid no planeta?”
Randolfe Rodrigues
Segundo o parlamentar, a CPI já conseguiu produzir “resultados sanitários”: “Até a família do Zé Gotinha voltou para a TV, o presidente, em rápido surto, em algumas ocasiões, chegou a usar máscaras”.
Randolfe afirmou que, a depender da conclusão da CPI, caso seja constatado crime de responsabilidade de Bolsonaro na condução do combate à pandemia, os resultados devem ser encaminhados não só à procuradoria-geral da República (PGR), como também ao presidente da Câmara, sinalizando a possibilidade de um processo de impeachemnt.
Randolfe comentou omissão de Aras
Sobre o PGR, Augusto Aras, o senador afirmou que ele foi “omisso” com relação às atitudes de Bolsonaro, e que a análise do relatório final da CPI será uma oportunidade do procurador “se redimir”. “A CPI existe por conta da omissão dele. Se ele tivesse agido, talvez não estivéssemos neste atoleiro sanitário (…) Poderá fazer uma autocrítica da omissão até então”, pontuou.
Perguntado se a CPI já enxerga supostos crimes cometidos por Bolsonaro, Randolfe disse que “há elementos muito fortes de que a omissão para a aquisição de vacinas custou a vida de pelo menos 80 mil brasileiros”. “Em fevereiro, março, já poderíamos ter imunizado todos os grupos prioritários”, afirmou.
Manifestações anti-bolsonaristas
Randolfe, durante a entrevista, também falou sobre as manifestações contra Bolsonaro realizadas em todo o país neste último sábado (29). O senador se diz contra qualquer tipo de aglomeração, mas fez questão de pontuar que os atos contra o presidente e aqueles liderados pelo próprio titular do Planalto têm contextos distintos.
“Não recomendo aglomerações em hipótese nenhuma, mas é importante fazer uma diferenciação entre as manifestações. Uma é a do presidente, sem ninguém usar máscara, feita por aquele que deveria proteger os brasileiros. Outra organizada pelos movimentos sociais, defendendo medidas sanitárias e aquilo que o governo não faz, que é a vacinação. Isso é importante de ser assinalado (..) Não é aceitável o presidente ir para a rua sem máscara, incentivar aglomerações e ainda levar um general, esculachando a tradição do Exercito, ofendendo não só a CPI como os mais de 460 mil brasileiros mortos”, sustentou.
Com informações do DCM, Revista Fórum e Revista Veja
Fonte: Socialismo Criativo