Tribunal de Justiça recebeu mais de 1.500 mensagens de mulheres que sofreram violência doméstica ou pessoas que viram agressões psicológicas, físicas, sexuais entre outras. Informações são do Projeto Carta de Mulheres.
Mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia citam os maridos ou companheiros como seus principais agressores, informa levantamento do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo. Entre as violências mais frequentes, estão a psicológica, moral, física, patrimonial e sexual (veja abaixo).
Criado em abril do ano passado, o canal online Projeto Carta de Mulheres do TJ recebeu mais 1.500 relatos. Nesse período, uma equipe especializada orientou as vítimas de violência ou pessoas próximas delas a buscarem a Justiça.
Além disso, o projeto fez um balanço do atendimento. Veja abaixo:
- foram 1.581 mensagens recebidas no total;
- a maior parte delas – 520 – de pessoas da capital;
- 506 mensagens foram enviadas por pessoas de outras cidades do estado;
E o alcance do projeto extrapolou os limites de São Paulo:
- 475 solicitações vieram de outros estados e até de outros países;
- 4 da Argentina, França e Estados Unidos
A equipe que fez esse atendimento virtual identificou que, em vários casos, havia mais de um tipo de violência envolvida:
- a psicológica apareceu com mais frequência: 1.319 vezes;
- depois vêm a violência moral, que é calúnia, injúria ou difamação, com 1.047 registros;
- agressões físicas: 785 casos;
- a violência patrimonial, que envolve a destruição de bens materiais: 389 vezes;
- e a violência sexual: 109 casos.
Os agressores mais frequentemente identificados são maridos ou companheiros das vítimas – com 498 casos; ex-maridos foram citados em 476 casos. A lista de agressões tem ainda ex-namorados, namorados atuais. E filhos também são citados.
Vale lembrar que em 2020, só na capital, mais de 24 mil mulheres vítimas de violência foram atendidas pela prefeitura.
O projeto carta de mulheres do TJ surgiu durante a pandemia, mas não vai parar quando ela acabar. A ação principal da equipe envolvida no recebimento das mensagens é dar o máximo de orientação possível para que as vítimas saibam como agir.
Juíza
A juíza Teresa Cabral falou ao SP1 nesta segunda-feira (15) que a identidade das denunciantes é mantida em sigilo.
“As pesquisas indicam também que as mulheres têm muito medo do que pode acontecer a elas a partir do momento que elas decidem comunicar a violência ao órgão social, à saúde, à Justiça”, disse a juíza Teresa.
Segundo a magistrada, as pessoas que procuram os canais recebem informação detalhada, especificada, a partir de uma leitura qualificada da violência pela qual estão passando ou que viram.
“Munidas desse tipo de informação, as pessoas podem sim procurar aquilo que é possível já sabendo quais são os seus direitos e quais são as possibilidades”, disse Teresa.
Fonte: G1