Prezada amiga,
A defesa da democracia e da participação de nosso povo nas lutas sociais é a característica marcante dos 67 anos de existência do Partido Socialista Brasileiro. O compromisso com o presente e o futuro de nosso povo foi renovado em 1985, quando, derrotada a ditadura, Jamil Haddad e outros companheiros encetaram sua refundação. Essa é obra de construção que jamais se conclui. Os mesmos propósitos de 1947 e 1985 pautam e apontam a necessidade de, juntos, PSB e REDE, trabalharmos por uma cidadania ativa, que dê conta dos desafios que nos aguardam, na campanha e no governo. Nenhum de nossos problemas será enfrentado se o Brasil não voltar a crescer e ao mesmo tempo assegurar distribuição de renda e riqueza. As insuportáveis injustiças sociais de hoje agridem nossa tradição humanista. A soberania nacional, pela qual tanto lutaram e lutam as forças socialistas e nacionalistas de nosso país, ontem como hoje, depende de uma sociedade rica e justa. Essa luta é a razão de ser do PSB e o elo ético que unificou nossa aliança programática. A trágica partida de Eduardo Campos coloca para a Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro a responsabilidade política de decisões necessárias e urgentes, com o objetivo de retomarmos, sem solução de continuidade, o processo político-eleitoral. A Nação exige a continuidade de sua luta e ela depende dos partidos que integram a Coligação “Unidos pelo Brasil”. Mais do que nunca, os compromissos dos socialistas, e agora também em memória de Eduardo, são, prioritariamente, com nosso país e seu crescimento, como instrumento essencial para a geração e distribuição de riqueza, ponto de partida para o combate à pobreza. A disputa eleitoral é o instrumento necessário, e democrático, para, uma vez no Poder, realizarmos tais objetivos. Só assim ele se justifica. A tragédia, na sua violência, foi à janela que projetou para o mundo a grandeza do homem que vitimou. O PSB se reencontra hoje nessa terrível trajetória humana. O que nos uniu, Eduardo e o PSB, sempre foi a crença de que é possível a construção de um País melhor. Uma crença que, antes, uniu homens e mulheres que também tombaram por diferentes circunstâncias, mas que foram embalados pelo mesmo sonho. Somos, os socialistas e seremos fiéis herdeiros das biografias de – João Mangabeira, – Antonio Houaiss – Evandro Lins e Silva – Jamil Haddad e – Miguel Arraes. Eduardo Campos ingressa nesse panteão. A nós, os socialistas, cabe o dever histórico de continuar o projeto pelo qual tombou, e tomar as decisões necessárias para retomar o processo político-eleitoral. Querida amiga, Um dever comum nos une. Cumpre-nos recompor a chapa de candidatos a Presidente e vice-Presidente da República. O PSB compreende que deve declinar, em seu favor, da indicação do substituto de Eduardo, o que, por óbvio, nos leva a consultá-la, em sua disposição em assumir a liderança da Coligação ‘Unidos pelo Brasil’, a cujos partidos, com sua autorização, e só a partir dela, nos dirigiremos. Atendido este requisito, entendemos ser politicamente justo caber ao PSB a indicação do candidato a vice de nossa coligação, o que fazemos na pessoa do deputado Beto Albuquerque, nome que, com o seu, será levado à Executiva Nacional do PSB, na data de hoje, e aos demais partidos de Coligação, já convidados para encontro oficial amanhã. Reconhecemos, como se partido fôra, a Rede Sustentabilidade como grupo político ainda não institucionalizado. E nesse sentido reafirmamos, politicamente, a aliança PSB-Rede. Os novos fatos, decorrentes da inversão da Chapa presidencial, impõem a reiteração dos compromissos já pactuados e a discussão de entendimentos e novos compromissos, ditados pelas circunstâncias desagradáveis. Será você, Marina, que, doravante, como nossa candidata, falará ao povo brasileiro, também em nome do PSB. Em você depositamos nossas esperanças de vitória eleitoral. Faz-se necessário, pois, relembrar questão que nos é comum e ao mesmo tempo muito cara à história do PSB. Para nós todos, o ponto de partida para responder à tarefa imensa que temos pela frente é a reforma do Estado brasileiro. Da concepção de Estado depende a correção das distorções do atual sistema político, que privilegia o poder econômico e a concentração de renda, responsáveis pelos tremendos desníveis econômicos, sociais e políticos que caracterizam nosso País. O presidencialismo da coligação vive sua última agonia. A democracia repressora vive grave crise. Essa reforma, profunda tanto quanto possível, deverá fortalecer a representação hoje degradada e propiciar o exercício de instrumentos de democracia participativa, contribuindo, assim, para a consolidação da democracia. Todas as demais mudanças e reformas demandadas pela nação brasileira dependem desse passo que haveremos de dar juntos, sabendo que contaremos com o apoio da Nação. Renovamos nosso compromisso de realizar um governo democrático-popular, com inversão de prioridades e efetiva participação da sociedade civil nas decisões estratégicas e na fiscalização e controle da execução dessas decisões; Um governo que descentralize o poder e se paute pela ética da política, na defesa intransigente do interesse público e a serviço do bem comum, de modo a eliminar as desigualdades e promover a inclusão econômica, social e política dos milhões de brasileiros(as) ainda hoje à margem das conquistas sociais e materiais e do desenvolvimento humano. Enfim, nosso governo será de todos e para todos e sua governabilidade será assegurada não só mediante relação autônoma, independente e cooperativa entre os Poderes da República, mas, de igual modo, da aliança permanente com a sociedade civil como protagonista do processo político. O sacrifício de Eduardo Campos e dos outros companheiros ceifados na mesma tragédia é a semente e alicerce da construção do país de nossos sonhos: uma nação justa, fraterna e feliz, atenta aos anseios do povo trabalhador, capaz de responder aos legítimos pleitos do povo brasileiro, que clama por mudança, renovação e participação na construção de seu destino. O Brasil é viável e voltará a crescer. Nosso povo, sofrido, e à beira da desesperança, exige que estejamos à altura deste momento e do desafio que a história nos lega. Seremos generosos, estaremos unidos e solidários, superaremos eventuais divergências e repudiaremos interesses menores. Nosso guia é o interesse maior da coletividade. Saudações socialistas, Roberto Amaral |
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Roberto Amaral – Presidente do Partido Socialista Brasileiro
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