Pesquisa realizada pelo Data Popular em parceria com o Instituto Patrícia Galvão aponta que 54% das pessoas conhecem ao menos uma mulher que já sofreu algum tipo de agressão pelo parceiro. Quando se analisa a resposta com base na classe social, 63% dos entrevistados de classe alta – com renda familiar mensal entre R$ 5 e R$ 13 mil – declararam conhecer uma vítima. O número cai para 54%¨dentre os de classe média (renda média familiar mensal de R$ 1,6 mil a R$ 2,999 mil) e 53% dentre os de classe baixa (renda média familiar mensal entre R$ 242 e R$ 1.098). “A dor das mulheres ricas não sai no jornal, mas a das mulheres pobres sai nos jornais populares. As mulheres que mais denunciam, porque dependem das políticas públicas, são as de classe baixa. É uma questão de classe e esta pesquisa mostra isso”, afirmou a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci de Oliveira, que participou da divulgação do documento “Percepção da sociedade sobre violência e assassinato de mulheres” nesta segunda-feira (5) em São Paulo. Segundo o levantamento, 56% dos brasileiros também conhecem um homem que já agrediu a namorada ou esposa e outros 69% entendem que a violência doméstica não ocorre só entre famílias pobres. A pesquisa ouviu 1.501 pessoas em 100 municípios, escolhidos através de sorteio, em todas as regiões do país, no período de 10 a 18 de maio. Ela mostrou que apenas 2% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar da “Lei Maria da Penha”, sancionada há sete anos, que criou mecanismos para prevenir e punir a violência contra a mulher. “Infelizmente a violência contra a mulher não se limita a classes sociais, atinge todas as classes, é democrática. As mulheres de classe alta buscam outras formas de ajuda. Temos apenas dois casos de mulheres de classe alta: uma empresária de São Paulo e uma vitima do Sul do país, que nos procuraram e se colocaram à disposição para apoiar a causa.” Assassinato de parceiras Em 2004, 2006 e 2009 já haviam sido feitas pesquisas sobre agressões contra a mulher, mas esta é a primeira pesquisa que inclui o tema assassinatos, segundo o Instituto Patrícia Galvão. As entrevistas mostraram, agora, que 85% das pessoas acreditam que mulheres que denunciam os parceiros correm mais risco de ser assassinadas e que este pode ser um temor das agredidas. Metade da população, diz o levantamento, também considera que a forma como a Justiça pune não reduz a violência. Vergonha e medo de ser morta são percebidas como as principais razões para a O fim do relacionamento é o momento visto como de maior risco para a mulher para 43% dos entrevistados e 92% acreditam que agressões recorrentes podem terminar em assassinato. De acordo com a pesquisa, 91% consideram que, atualmente, os assassinatos das mulheres por parceiros são mais cruéis e violentos em comparação com o passado; para 85%, a Justiça não pune adequadamente o homicídio nestes casos. Percepção na sociedade Os dados apontam que a agressão contra mulheres e estupro estão entre os crimes percebidos como mais recorrentes no Brasil, abaixo apenas de assassinatos e roubo e assaltos, mostrando que a violência doméstica está na “agenda de preocupações” da sociedade. Para 17% dos entrevistados, as mulheres que apanham provocaram isso. Metade da população considera também que as mulheres se sentem mais inseguras dentro de casa. O levantamento mostra ainda que os serviços de atendimento a vítimas, como delegacias, centros de assistência social e casas de abrigo são pouco conhecidos e que apenas 20% sabem que o número telefônico 180 recebe denúncias anônimas e dá atendimento a mulheres agredidas. Segundo a ministra Eleonora Menicucci de Oliveira, em 8 de março de 2014, Dia da Mulher, serão inauguradas “casas da mulher brasileira” em dez capitais do país. “Nestas casas, haverá uma delegacia da mulher, juízes de plantão e representantes do Ministério Público, que poderão ajudar a vitima e até obter uma medida cautelar de proteção no momento em que a mulher procurar ajuda. Nas casas, que serão uma parceria dos governos federal, estadual e municipal, haverá profissionais para dar ajuda profissional e econômica, atendimento social e de saúde, brinquedoteca para crianças e um alojamento provisório.” |
Fonte: G1
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