Três jovens consideradas extraoficialmente mortas são libertadas em Cleveland, nos EUA, quando polícia, sem pistas, já havia procurado corpos Três mulheres desaparecidas aproximadamente dez anos atrás e dadas informalmente como mortas foram localizadas e libertadas na segunda-feira à noite de seu cativeiro, numa vizinhança pobre, a quatro quilômetros do centro de Cleveland. O drama acabou quando uma das mulheres pediu ajuda pelo atendimento de emergência da polícia, usando o telefone de uma residência vizinha da casa branca número 2.207 da Avenida Seymor. “Ajude-me. Sou Amanda Berry. Estive sequestrada e desaparecida por dez anos e estou aqui, estou livre agora.” Amanda, de 27 anos, trazia consigo uma menina de 6 anos no colo – que as autoridades confirmaram ser sua filha. A última vez que ela tinha sido vista foi em 21 de abril de 2003, na véspera seu aniversário. Ela saía do trabalho, na lanchonete Burger King, quando foi sequestrada. Sua fuga da casa da Avenida Seymor permitiu a libertação de outras duas mulheres também desaparecidas desde a adolescência. Michelle Knight, a primeira das garotas do centro de Cleveland a desaparecer, foi sequestrada em agosto de 2002, aos 18 anos. Georgina De Jesus foi capturada aos 14 anos, em 2004, quando ia da escola para casa. “As preces das famílias de Amanda, Georgina e Michelle foram ouvidas. O pesadelo acabou. Essas três jovens nos dão a melhor definição de sobrevivência e perseverança”, disse Stephen Anthony, chefe do escritório do FBI em Cleveland. O responsável pelos crimes é Ariel Castro, de 52 anos, motorista de ônibus escolar e baixista de uma banda de salsa. Os irmãos dele, Pedro, de 54 anos, e Oneil, de 50, o teriam ajudado no sequestro e no cárcere das garotas. O trio, de origem porto-riquenha, está preso, mas até ontem as autoridades não disseram por quais crimes eles seriam acusados. As inúmeras dúvidas sobre o caso ainda não permitiam à promotoria apresentar suas denúncias. Não se sabe como cada uma das garotas foi sequestrada, que tipo de obstáculos ou ameaças as impediram de deixar acasa, se foram sexualmente abusadas, se haviam sido transportadas, de casa para a escola, por Ariel. Entre as questões em aberto, está a da paternidade da filha de Amanda. Amanda escapou graças à ajuda de um vizinho, Charles Ramsey, que ouviu seus gritos (mais informações nesta página). Antes de a acolher e entregar a ela o telefone para chamar a polícia, a vizinha Anna Tejeda não acreditou que se tratava da menina desaparecida havia dez anos. “Você não é Amanda Berry. Amanda está morta”, disse antes de ouvir a história. Ela deixou o cativeiro usando pijama e sandálias surradas. As três sequestradas foram levadas ao Centro Médico Metropolitano. Depois de exames que confirmaram a boa situação de saúde, receberam alta ontem. Os pais de Georgina receberam-na com uma faixa de boas-vindas na frente da casa. “Eu sou tão agradecida. Deus é bom. Estive rezando todo esse tempo. Nunca me esqueci dela”, disse Kayla Rogers, amiga de infância de Gina, como ela é conhecida, ao jornal Plain Dealer. “Essas mulheres são fortes. O que nós sofremos em dez anos não é nada comparado ao que essas mulheres tiveram de fazer para sobreviver”, disse Sandra Ruíz, tia de Georgina. Amanda foi informada da morte de sua mãe, Louwana Miller, ocorrida em 2006, ao final de três anos de busca incessante pela filha. Ainda faltam muitos depoimentos das vítimas e dos sequestradores para o caso ser elucidado pela polícia local e pelo FBI. As forças de segurança vasculharam a vizinhança depois do desaparecimento de cada garota. Quintais foram escavados, na busca de possíveis corpos. Ariel Castro chegou a ser abordado pela polícia, em 2004, depois de ter esquecido uma das crianças que transportava no ônibus. Mas a polícia não caracterizou nenhum crime em seu lapso. Antes, em 1994, ele tinha sido detido por um caso de violência Doméstica, logo arquivado. O tio de Ariel, Caesar Castro, se disse chocado com a notícia, pois via o sobrinho como um “bom rapaz”. Ele afirmou que Ariel conhecia a família de Georgina desde a infância. Sem parentesco com Gina, Tito De Jesus era músico da mesma banda de Ariel. Ele disse à CNN que esteve algumas vezes na sala da casa de Ariel, mas nunca notou a presença de mulheres. “O ambiente era normal, silencioso. Era como se a casa estivesse vazia, sem ninguém além dele vivendo ali. Eu sabia que ele tinha filhos e netos. Ariel tinha um espírito leve, era sorridente e um bom músico”, descreveu. Anthony Castro, filho de Ariel, escreveu sobre o desaparecimento de Gina para um jornal local em 2004, quando estudava jornalismo. Ele chegou a entrevistar a mãe de Gina e disse ontem que ficou chocado ao saber do envolvimento do pai. |
Fonte: Estado de São Paulo
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