O governo federal distribuiu cerca de 175 mil cartilhas na rede pública de saúde com o objetivo de facilitar o acesso das mulheres à chamada pílula do dia seguinte. É a primeira vez que o Ministério da Saúde dá orientações claras a médicos e enfermeiros de postos de saúde e hospitais sobre a distribuição do contraceptivo emergencial. No livreto, o governo reforça que os comprimidos podem ser entregues por enfermeiros sem exigência de receita médica. A prescrição continua sendo obrigatória para venda nas farmácias, apesar de, na prática, a prescrição não ser exigida. A Folha revelou em março de 2012 que o acesso à pílula era precário no SUS. A prática, muitas vezes, era exigir a receita médica, mas consultas com ginecologistas podiam demorar até dois meses. A pílula do dia seguinte tem efeito contraceptivo até o quinto dia após uma relação sexual desprotegida. “O benefício é tão absurdamente vantajoso que vale a pena. É uma forma de evitar aborto, porque evita uma gravidez indesejada”, disse Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde. O Conselho Federal de Medicina diz que não foi informado oficialmente. Resolução da entidade diz que “cabe ao médico a responsabilidade pela prescrição [da pílula] como medida de prevenção” à gravidez indesejada. É possível, porém, que a norma seja reavaliada agora.
APOIO A medida é apoiada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. “No Brasil, muitas informações que chegam à população não são científicas, passam pelo crivo religioso. ‘EMERGÊNCIA’ A previsão é que neste ano sejam entregues cerca de 1 milhão de cartelas do levonorgestrel (pílula comprada e distribuída pelo ministério). O governo alerta que o remédio não deve ser usado para substituir o método contraceptivo de rotina. E destaca ainda que as usuárias que receberem o medicamento devem receber também orientação sobre planejamento reprodutivo. “O próprio nome já diz: é de ‘emergência’. A pílula não deve ser entregue mecanicamente, tem que ser acompanhada de um processo educativo”, afirma Ana Costa, presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde. |
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Fonte: Folha de São Paulo
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