Os socialistas Leila Barros (DF) e Veneziano Vital do Rêgo (PB) votaram contra a proposta de reforma da Previdência, aprovada em primeiro turno na noite desta quarta-feira (2), por 56 votos a 19, no plenário do Senado.
Os senadores seguiram orientação do partido, que fechou questão contra a matéria. Na resolução aprovada em reunião do Diretório Nacional, em julho, o PSB considera a proposta “cruel aos mais pobres e à classe média” e benevolente aos mais ricos.
Os R$ 800 bilhões da economia prevista pelo governo com a PEC recaem sobre o Regime Geral da Previdência, com a maior parte do ajuste sobre quem ganha até três salários mínimos, por exemplo. Por outro lado, a proposta dispensou grandes produtores rurais de contribuição previdenciária sobre exportações. O setor deixará de contribuir com aproximadamente R$ 84 bilhões em dez anos.
“Entendendo a necessidade de uma Reforma da Previdência, manifestei minha preocupação com as contradições da PEC 6. A reforma que diz combater os privilégios não atinge os mais ricos. A conta será paga por aqueles que não têm privilégios”, afirmou a senadora Leila Barros, em discurso na tribuna, ao justificar seu voto contra o texto.
A senadora classificou a proposta como “injusta” e disse que uma reforma “verdadeira” teria de contemplar a todos. “Não poderia deixar ausente o parlamentar, o empresário, e outras categorias que conseguem fazer um lobby pesadíssimo junto ao governo e ao Congresso Nacional”, afirmou.
Para Veneziano, o desconhecimento da população sobre as consequências nefastas da reforma é resultado de uma campanha “desonesta” promovida pelo governo com o propósito de aprovar a reforma. Segundo ele, o discurso de que a reforma proposta é a única saída para o país sair da crise econômica é “uma falácia”.
“Essa é uma falácia inaceitável. Nós queríamos sim, discutir os desajustes, mas a partir do momento que reconhecêssemos as políticas não planejadas de desoneração, que identificássemos os segmentos que se abeberaram dos privilégios, sem corresponder à nação brasileira por ter tido esses privilégios”, criticou.
Na opinião do socialista, quem sempre paga a conta das reformas antipopulares são os mais pobres, que não dispõem de “lobby político” para se defenderem de propostas que os prejudicam.
O senador reiterou que reconhece a necessidade de ajustes no sistema previdenciário, mas não como proposto pelo governo.
“Na hora mais drástica, sempre, inevitavelmente, quem paga a conta é quem não dispõe de lobby político, é aquele que não dispõe de condições de se fazer forte e evitar um dano maior. Não negamos a necessidade de mudanças, mas jamais nos moldes propostos por um governo eminentemente fiscalista “, afirmou.
Veneziano salientou ainda que a contribuição à reforma da previdência está sendo dada pelos mais de 50 milhões de brasileiros que estão entre os miseráveis e os pobres.
“Não é verdade que todos os brasileiros estão dando a contribuição com os sacrifícios. Não é verdade porque esse sacrifício não está sendo posto por aqueles que são rentistas. Esse sacrifício não está sendo dado por aqueles que integram a cartelização bancária. Esse sacrifício não está sendo dado por aqueles que tem as grandes fortunas, os grandes patrimônios que herdam, não”, disse.
Fonte: PSB Nacional