O presidente da República, Jair Bolsonaro assinou hoje,15, o decreto que facilitará a posse de armas de fogo.
Com o lema de “armar o cidadão de bem”, Bolsonaro prevê fazer algumas alterações no Estatuto do Desarmamento de 2003, dentre elas estão: aumentar o prazo de renovação do certificado de posse, de 5 para 10 anos, além de conceder a posse automática a algumas classes sociais como moradores de áreas rurais, servidores públicos que exercem funções com poder de polícia e comerciantes, o que atualmente é analisado pela Polícia Federal.
Coincidência ou não, após a posse do presidente Jair Bolsonaro, o número de feminicídios saltou de forma alarmante. De acordo com o Jornal O Globo, apenas no começo do ano de 2019, dentro do período de 11 dias, já foram registrados 33 feminicídios, sendo que 17 das vítimas sobreviveram. Segundo o “Dossiê Violência Contra as Mulheres em Dados”, da Agência Patrícia Galvão, no Brasil, 3 mulheres morrem por dia em decorrência de feminicídio. De 4.539 mulheres mortas em 2017, 1.133 caracterizaram-se como feminicídio.
Nesse aspecto, podemos destacar a forma que essas mulheres são mortas. Dados da ONU apontam que 7 em cada 10 das mortes são de autoria do marido ou de homens próximos à mulher, ou seja, o perigo está dentro de casa, nos chamados “cidadãos de bem”, justamente aqueles para quem o presidente quer facilitar a posse das armas.
As armas de fogo perdem somente para armas brancas, como facas e machados. Levando em consideração o perfil de quem irá adquirir e ter posse de armas de fogo com o decreto, o que abrange uma grande parte da população. A maioria dos autores de feminicídio no Brasil, são homens que não aceitam perder o domínio e a posse do que eles julgam ser deles, a vida das mulheres, reacionários, frutos da hipocrisia e do conservadorismo.
Segundo a cofundadora da Rede Feminista de Juristas, a advogada Marina Ganzarolli: “Existem várias pesquisas que atestam que havendo arma de fogo dentro da residência no momento mais grave de explosão, quem vai utilizar essa arma é o agressor, então vai aumentar o risco de morte nas casas de diversas mulheres que se encontram em situação de violência doméstica, pelo simples fato que o acesso a arma de fogo é um indicador de risco de letalidade”.
Levando em consideração que um decreto afetará de forma tão ampla um país inteiro, paramos para pensar no caso das mulheres, que agora, sentirão mais medo do “ambiente familiar” e dos seus companheiros, munidos de suas de armas de fogo, os tais “cidadãos de bem”.