No primeiro semestre deste ano, Monitor de Feminicídios no Brasil registrou 5 vítimas por dia, em média. Em 17,8% dos crimes, filhos estavam presentes e viram as mães serem mortas
Por : Catarina Duarte
O silêncio ainda mata muitas mulheres. No primeiro semestre deste ano, 81,1% das vítimas de feminicídio no Brasil foram mulheres que nunca antes haviam registrado um boletim de ocorrência ou obtido medida de proteção contra seus agressores. O dado é do relatório do Monitor de Feminicídios no Brasil, elaborado pelo Laboratório de Feminicídios no Brasil (LESFEM).
Entre janeiro e junho, o Monitor registrou 905 casos com indícios de feminicídio consumado e 1.102 tentativas. A média diária foi de 4,98 feminicídios e 6,05 tentativas. Em comparação com o semestre anterior, o aumento foi de 4,8% nas mortes e de 319% nas tentativas. Segundo o Código Penal, feminicídio é a morte cometida em razão de a vítima ser uma mulher.
O relatório também mostra que o “feminicídio íntimo” é o mais comum. A tipologia diz respeito a casos em que o agressor fez parte do círculo de intimidade da vítima, como um marido ou ex-companheiro. E é aos finais de semana, especialmente no domingo, que a maioria dos casos (consumados ou tentados) ocorre. O período concentra um terço dos registros.
Para a socióloga Silvana Mariano, professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e coordenadora do LESFEM, a concentração de mortes aos finais de semana e a autoria, quase sempre ligada a pessoas que têm intimidade com as vítimas, evidencia que o feminicídio difere de outros crimes. “Essa é uma natureza particular do feminicídio. Nos outros crimes em que temos taxas significativas, não existe vínculo entre vítima e réu”, diz.
A casa não é um local seguro, já que é onde mais feminicídios são praticados e tentados: 58,7% e 48,9%, respectivamente. O crime não atinge apenas a mulher. O relatório mostra que, em 17,8% dos casos consumados, os filhos estavam presentes e viram as mães serem mortas.
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Fonte : Agência Patrícia Galvão