O Plenário da Câmara votou e fez história, nesta segunda-feira (12), ao aprovar o parecer do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que pediu a cassação do mandato do agora ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter mentido em depoimento espontâneo à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em maio de 2015, quando disse não possuir contas no exterior. Foram 450 votos a favor da cassação, 10 contra e nove abstenções.
O líder do PSB na Câmara, deputado Paulo Foletto (ES), lamentou o fato de que todos, algum dia, enfrentam situações na profissão que exerce. “Seja pelo cargo que assume ou a profissão que exercemos, nos deparamos com momentos como este. Nunca será bom estar aqui na Câmara como estivemos nesta sessão de cassação de um deputado, que já foi inclusive presidente da Casa”.
Foletto completou que Eduardo Cunha teve influência sobre grande parte dos parlamentares. “Não foi com alegria também que concluímos o impedimento da Dilma, mas a situação que vivemos nos impôs isso. O PSB tomou uma decisão de bancada e fechamos questão pela cassação e também tenho convicção de que as atitudes do ex-presidente e ex-deputado Eduardo Cunha foram devidamente penalizadas.”
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) lembra que Eduardo Cunha e seus aliados usaram todas as artimanhas para adiar o dia da votação e esgotaram todas possibilidades de manobras para evitar o julgamento. “O último cartucho usado foi o recurso apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a suspensão do processo. Estamos livres de Cunha.”
A deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) aponta inúmeras acusações contra Cunha. “Punir corruptos contra os quais há crime provados é, de fato, passar o Brasil a limpo.” Dona Creuza (PSB-PE) lembrou do povo mais humilde de seu Estado. “Até eles estão de olho em Brasília. Um velhinho bem simples me perguntou se eu viria a Brasília para votar e fui direta ao afirmar que votaria pela cassação. Isso mostra tamanha influência dos meios de comunicação como o rádio e a TV naquela região”.
O socialista gaúcho Heitor Schuch destacou todos os processos administrados e trabalhados nessa casa. “Votamos pela cassação de Cunha e tenho a certeza de que este é o caminho para que moralizar nosso trabalho. De cada dez pessoas com quem eu falava, oito perguntavam sobre como eu iria votar. A justiça foi feita”. O deputado Adilton Sachetti (PSB-MT) lembrou de seus eleitores e demais seguidores. “Todos sabem que não aceito coisa errada, muito menos dentro do Parlamento Brasileiro. Meu voto pela cassação de Cunha provou isso.”
O pernambucano Tadeu Alencar abordou os dez meses deste desgastante processo. “Tudo recheado de manobras do ex-presidente da Casa e seus aliados para tentar evitar seu afastamento, finalmente tivemos hoje um desfecho que está de acordo com o que a sociedade deseja e cobra dos parlamentares. Abrimos caminho para que o Poder Legislativo volte a se debruçar sobre uma agenda realmente positiva para o país.”
Para José Stédile (PSB-RS) esta noite os deputados puderam dar exemplo que eles estão preocupados com a ética e a transparência. “Esta é uma nova forma de fazer política e farei de tudo para que tenhamos um novo parlamento. Cunha mereceu sim ser cassado sem nenhum tipo de regalia”. O deputado Flavinho (PSB-SP) afirmou que é preciso avançar neste processo de depuração da política em nosso país. “Nosso povo não aguenta mais tanto sofrimento causado pelos maus políticos”, resumiu. Cunha é o sétimo deputado a ter o mandato cassado desde a criação do Conselho de Ética, em 2001.
Rhafael Padilha
Fonte: Liderança do PSB na Câmara dos Deputados