Paula Benett foi vítima do crime durante a semana internacional da visibilidade trans. Polícia Civil investiga o caso transfóbico
Uma pré-candidata trans ao Congresso Nacional sofreu ataques preconceituosos após anunciar a decisão política ao Metrópoles. O caso ocorre na semana internacional pela visibilidade trans.
Paula Benett (PSB) é ativista de direitos humanos e assistente social. É a segunda vez que a mineira de Miraí disputa um cargo eletivo.
Além de Paula, outras mulheres trans que também decidiram ingressar na vida pública foram alvos dos ataques de haters, termo dado a internautas que miram um assunto ou uma pessoa específica e começam a agredir verbalmente pelo mundo virtual.
A vereadora Erika Hilton (PSol), Érica Malunguinho, Robeyonce Lima e a ex BBB Ariadna Arantes, todas pré-candidatas ao Congresso Nacional, foram vítimas dos ataques.
“Mulheres estão perdendo suas vagas na disputa eleitoral para portadoras de próstata”, registrou um dos perfis nas redes sociais. Outros comentários foram registrados na própria página da reportagem sobre a candidatura da assistente social.
O caso foi denunciado para à Polícia Civil (PCDF) e está sendo investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).
“Eu me senti indignada com a situação e muito triste, porque não faço mal a ninguém. Apenas anunciei a minha pré-candidatura, que é um direito meu como cidadã brasileira. Os comentários foram muito cruéis e de cunho transfóbico. Violentaram o meu gênero com o intuito de me intimidar e fazer desistir”, desabafou a pré-candidata ao Metrópoles.
Persistência
Em 2018, ela pretendia concorrer à Câmara dos Deputados, mas arranjos internos na sigla empurraram sua candidatura para a Câmara Legislativa (CLDF). A militante não chegou a ser eleita.
Mesmo com os constantes ataques transfóbicos, Paula Benett reconhece a importância da representatividade em ambientes de poder.
“Eu sei que não nos querem nesses espaços e fazem de tudo para impedir. Mas eu não posso desistir, pois muitas pessoas precisam de mim e eu tenho consciência que carrego várias delas comigo. Apesar de ser assistente social, de ajudar pessoas que sofrem diariamente violência, eu não sou uma máquina, eu sou um ser humano e senti muito. Mas vou até o fim porque precisamos continuar”, disse.
Fonte: Metrópoles