Familiares de jovens assassinadas em Goiânia se dizem aliviados com a prisão do vigilante Thiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos. Ele é apontado pela Polícia Civil como autor de pelo menos 39 mortes na capital, entre elas, uma série de homicídios contra mulheres. No entanto, nenhuma prova foi apresentada ainda.
“É um sentimento de alívio que realmente a gente estava precisando ouvir. Não vai trazer minha prima de volta, mas a sensação é que a justiça está sendo feita”, disse a vendedora Christielly Oliveira, prima da Bruna Gleycielle de Sousa Gonçalves, de 26 anos, morta por um motociclista em um ponto de ônibus da Avenida T-9, no Setor Bueno, no dia 8 de maio deste ano. A sensação é a mesma para a família da assessora parlamentar Ana Maria Victor Duarte, de 27 anos, baleada em frente a uma lanchonete da capital. Irmã dela, Lívia Fiori diz que os sentimentos se misturam. “É uma tristeza, uma alegria, uma ansiedade, é um alívio. Acredito que saber quem foi e o porquê não deixa de trazer um certo alívio para o nosso coração”, afirmou. Força-tarefa O vigilante prestou depoimento nesta quarta-feira (15), quando confessou ter matado 39 pessoas, de acordo com a polícia. Desses homicídios, pelo menos oito seriam de moradores de rua e alguns de mulheres, cujas mortes já estavam sendo investigadas há dois meses pela força-tarefa da Polícia Civil. Criada no dia 4 de agosto, a equipe de delegados investiga 16 mortes, sendo 15 mulheres e 1 homem. Segundo a assessoria da Secretaria de Segurança Pública informou ao G1, o vigilante confessou ter cometido todos esses homicídios. Já o titular da Delegacia de Homicídios, Murilo Polati, disse, nesta noite, que das mortes que o suspeito admitiu, apenas 13 fazem parte da Série de assassinatos O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres em Goiânia ocorreu em 18 de janeiro deste ano, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada no Setor Lorena Park.A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, baleada em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova, no dia 2 de agosto. Um motociclista passou pelo local e disparou contra a garota, que não resistiu aos ferimentos. Entre as outras mortes investigadas pela força-tarefa estão a da dona de casa Lílian Sissi Mesquita e Silva, de 28 anos, em 3 de fevereiro, e a de Janaína Nicácio de Souza, de 25 anos, morta no dia 8 de maio. Todas as vítimas de série de assassinatos eram jovens, mas não tinham perfil parecido. Ao contrário do que foi divulgado pela polícia no início das investigações, o delegado-geral da Polícia Civil, João Gorski, afirmou, durante a manhã, que se trata de um caso de assassino em série. “Eu acredito que é um serial killer. No começo, ele matava aleatoriamente. No fim, ele estabeleceu um padrão”, afirmou. De acordo com a polícia, dentre os demais crimes cometidos pelo homem, estão mortes de moradores de rua e homossexuais. Os outros homicídios de mulheres não assumidos pelo homem, segundo Gorski continuarão sendo investigados. A polícia afirma que há cerca de um mês as investigações já apontavam para o suspeito como autor dos crimes, mas ele só foi preso na terça-feira (14), na Avenida Castelo Branco, na capital. Com o suspeito foi apreendida uma motocicleta. Na residência dele também foi apreendido um revólver calibre 38. A polícia não informa a quantidade de material apreendido nem suas características. O homem foi encaminhado à Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios e depois transferido para a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc). O advogado do suspeito, Thiago Huascar, disse que não tinha como se pronunciar sobre o caso, pois só teve acesso à procuração pela manhã. “Vou aguardar os andamentos e ver o que está sendo a acusação contra ele”, informou o advogado. No passado, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra o suspeito por furtar uma placa de uma motocicleta no estacionamento de um supermercado de Goiânia. Imagens de câmeras de segurança mostram ele cometendo o crime.Também no ano passado, ele foi preso em flagrante em uma motocicleta com placa roubada, mas foi solto. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial. Segundo a Polícia Civil, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança no último domingo (15), próximo à lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. O caso foi incluído na força-tarefa. Segundo testemunhas, o motociclista de capacete vermelho atirou na jovem, mas a arma falhou. Então, ele deu um chute na boca dela. Força-tarefa A força-tarefa da Polícia Civil foi instaurada em 4 de agosto e investiga 15 assassinatos de mulheres, a execução de um homem, a tentativa de homicídio contra uma jovem e uma agressão a outra. Participam do grupo 16 delegados, sendo os nove da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), três que atuam em outras delegacias e mais três do interior do estado. Além deles, 30 agentes e dez escrivães integram a equipe. Segundo a polícia informou no início das investigações, os crimes tiveram dinâmica semelhante e em todos eles os autores foram motociclistas. Porém, a corporação dizia não acreditar na ação de um serial killer porque os veículos usados foram de marcas e cilindradas diferentes, além das descrições físicas dos suspeitos não serem as mesmas. Outros suspeitos Até agora, outros dois homens haviam sido detidos por suposto envolvimento nas mortes. Um deles, que não teve a identidade revelada, foi preso em flagrante no mês de agosto na cidade de São Luís de Montes Belos, a 120 km da capital. Na casa de parentes do rapaz foi encontrada uma moto roubada desmanchada, que, segundo a Polícia Militar, era semelhante a utilizada nos crimes contra as jovens. Ele acabou condenado no último dia 22 de setembro por receptação. O homem foi sentenciado a dois anos e seis meses de prisão pelo crime, mas não se comprovou a participação dele na execução das mulheres. O outro suspeito é o entregador Leandro Cardoso de Oliveira, que cumpria pena em regime semiaberto e usava tornozeleira eletrônica. Em agosto, a Justiça decretou a prisão preventiva dele pelo suposto envolvimento na tentativa de homicídio de uma jovem de 18 anos, no Setor Jardim América. Dias depois, ele acabou liberado por falta de provas.
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Fonte: G1
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