Extremamente grave o conteúdo da reportagem “Partido de Bolsonaro criou candidata laranja para usar verba pública de R$ 400 mil”, publicada pela Folha de S. Paulo, neste domingo [10/3]. Grave por seus aspectos éticos, pois denuncia um caso de apropriação indébita de recursos públicos. E grave, como se fosse pouco, por revelar inaceitável agressão ao direito de participação política das mulheres.
Isso porque, quando o partido no poder fabrica candidatas laranjas para desviar criminosamente fundos públicos destinados por lei à ampliação dos espaços políticos das mulheres, não são apenas as filiadas àquela legenda que são humilhadas e apartadas da cidadania plena. De fato, o que ocorre é a usurpação dos direitos de todas as mulheres, principalmente daquelas que não têm militância partidária.
O caso fica ainda mais chocante quando se lê as impressionantemente atrasadas declarações do deputado Luciano Bivar, pessoa que ainda acha, em pleno século XXI, que as mulheres não têm vocação para política, mas para serem bailarinas.
É de se lamentar que o país esteja sob o governo de pessoas de mentalidades tão retrógradas e com tão pouco respeito pelo brio e pela capacidade de luta da mulher brasileira.
Dora Pires
Secretária Nacional de Mulheres do PSB.