Ao ver a notícia sobre a jovem norueguesa que foi presa após ser estuprada em Dubai, fiquei completamente revoltada, tanto que junto à Luísa Torquatto (também colunista do Fashionatto) fizemos uma matéria sobre o assunto o mais rápido possível, para que juntas pudessemos expressar nosso sentimento de revolta quanto ao acontecido. Lembrei-me então de um filme que assisti há alguns meses chamado Persépolis. O filme, de origem francesa, é uma animação autobiográfica produzia pela jovem de origem iraniana Marjane Satrapi, que buscava mostrar suas memórias mais delicadas e pessoais antes e após a revolução iraniana. Este é um dos poucos filmes que mostra a vida neste país pelo ponto de vista de uma mulher. Ambos os fatos me fizeram pensar, ficamos chocados com notícias como a da jovem em Dubai e ao assistirmos o filme de Marjane, nos emocionamos com sua história, mas e as mulheres que sofrem dramas até piores do que estes todos os dias? O que sabemos sobre elas? Por isso fui atrás do ranking dos piores países para mulheres viverem. Há diversas páginas sobre o assunto e listas que chegam até a centésima posição, mas resolvi focar nos cinco piores, pois nestes locais, a vida e a palavra de uma mulher não valem absolutamente nada. Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Nenhum ser humano deve sofrer tratamento degradante, cruel ou desumano.” belas palavras, que infelizmente não são colocadas em prática.Enquanto muitos enchem a boca para falar das atrocidades que acontecem ao redor do mundo, pregando o quanto os países orientais e africanos são machistas e retrógrados, esquecem-se do que acontece na porta ao lado (O Brasil está no top 20 dos piores países), e de que em todas as partes do mundo absurdos são cometidos contra pessoas indefesas, têm memória seletiva, repetirão por meses o caso da pobre norueguesa, mas esqueceram a menina da cidade vizinha que foi violentada, espancada e morta pelo próprio tio, por exemplo. Mulheres são submetidas a todos os tipos de abuso, os traumas psicológicos graves são inevitáveis. Estudos indicam que uma em cada três mulheres sofre de problemas de saúde mental. Mas, mesmo assim, atitudes arraigadas à cultura e a discriminação fazem as mulheres de algumas culturas sofrerem em silêncio, sem nunca procurarem ajuda. Há um pedido de socorro, que se espalha por todo o mundo, mas raramente é ouvido. 5 – Mali No Mali, a situação das mulheres continua a ser uma preocupação. Discriminação e violência são comuns, e estima-se que a mutilação genital feminina tenha sido realizada em 95 por cento das mulheres adultas do Mali. Relatórios recentes sugerem que extremistas islâmicos no país começaram a compilar listas de mães solteiras, o que aumentou as preocupações em torno de castigos bárbaros como amputações, apedrejamentos e execuções. 4 – Iraque O Iraque é um país devastado pelo sectarismo. E, apesar da deposição de Saddam Hussein, em quase uma década de transição, o país ainda se encontra dividido, com as mulheres muitas vezes arcando com o ônus. Uma pesquisa descobriu que 19 por cento das mulheres iraquianas sofrem de transtornos mentais, como resultado dos conflitos do país. Além disso, o tratamento e as instalações médicas são escassos, levando as mulheres doentes a se isolarem em casa. Ainda mais preocupante: desde a queda de Saddam Hussein, a liberdade das mulheres se deteriorou. Enquanto 2003 viu a criação de ONGs, como a Organização da Liberdade das Mulheres no Iraque, o novo governo introduziu a lei Sharia em 2004, uma das muitas leis recentes com impacto negativo na vida das mulheres iraquianas. A Organização da Liberdade das Mulheres no Iraque tem procurado desempenhar um papel fundamental na proteção e promoção da liberdade das iraquianas, chamando a atenção para o aumento no número de estupros, sequestros e ataques contra as mulheres bem como o ressurgimento dos crimes de honra. Mas a religião e o sectarismo continuam a ser fatores chave que afetam as lutas femininas no Iraque. E os sinais são evidentes nas ruas do país. Talvez o mais óbvio, seja o que desde 2003, com a pressão dos islâmicos, o número de mulheres que usam véus aumentou. 3 – Índia A Índia é frequentemente citada como uma das economias que mais crescem no mundo. No entanto, os acontecimentos recentes têm atraído a atenção do público para um problema diferente: a situação das mulheres na maior democracia do mundo. A notícia do brutal ataque a um ônibus em dezembro de 2012, em Nova Deli, que deixou uma estudante de 23 anos, morta, abalou o mundo e provocou protestos em massa na cidade, onde uma mulher é estuprada a cada 14 horas. Enquanto as autoridades procuram agir rapidamente em resposta aos protestos, as mulheres indianas acreditam que uma mudança cultural profunda é necessária para resolver esse antigo problema. Uma pesquisa de 2012, feita pela Reuters Thompson Foundation, constatou que a discriminação contra as mulheres é pior na Índia do que em qualquer outra nação do G20 . A situação é particularmente grave nas planícies do norte do país, onde a mentalidade profundamente enraizada reforça a suposta inferioridade das mulheres. A violência doméstica na Índia também é endêmica. O bem-estar psicológico das mulheres indianas é uma grande preocupação, especialmente quando atitudes culturais tornam difícil que elas procurem ajuda. 2 – Somália Em novembro de 2012, Yusuf Fauzia Haji Adan tornou-se ministra da Somália . A Somália é descrita como um dos piores países do mundo para se nascer mulher, por esta razão, a nomeação de Yusuf é um avanço, pequeno, mas não sem importância. “É uma nova página para a situação política do nosso país”, disse ela. E quando se trata dos direitos das mulheres, a Somália está desesperadamente precisando de uma nova página. Em 2011, a Thomson Reuters Foundation denunciou que o acesso à educação para as mulheres era raro, enquanto que a violência doméstica contra elas era comum. Além disso, o estudo constatou que 95 por cento das meninas somalis sofreram mutilação genital . As áreas controladas pelos militantes islâmicos da Al-Shabaab são particularmente ruins. A fome têm forçado um número crescente de famílias migrarem para a capital, Mogadíscio, para depois viverem em campos de refugiados onde o estupro nas mãos de bandidos armados é uma ocorrência comum. Apesar disto, o apoio internacional se concentra apenas no fornecimento de alimentos e no cessar fogo. Somando-se a tudo isso, existe o fato de a saúde mental debilitada ser um tabu entre os somalis, sendo os doentes vistos como fracos e uma vergonha para a família. 1 – República democrática do Congo A República Democrática do Congo é apelidada de “capital mundial do estupro .” Um relatório da ONU indicou que, em 2009, mais de 8.000 mulheres foram estupradas no país. E quase 10 anos depois da Segunda Guerra do Congo, a violência continua a ser uma ocorrência diária, com o estupro ainda sendo efetivamente utilizado como arma de guerra. Os efeitos do estupro na saúde mental de uma mulher são terríveis. A maioria tem medo de contar suas histórias, preocupadas com a vergonha de suas famílias. Os cuidados com saúde mental das mulheres violentadas na República Democrática do Congo são vistos como uma prioridade baixa pelo governo, as instalações médicas são poucas e distantes entre si. A ONU tentou ajudar fornecendo escoltas para as mulheres, mas a situação continua terrível. As mulheres do país dizem que são tratadas como cidadãs de segunda classe. A elas são dadas poucas oportunidades de entrar na política e são muitas vezes sujeitas a casamentos forçados ainda adolescentes, o que limita as opções educacionais. Embora algumas das ONGs do Congo fizeram melhorias e ampliaram as oportunidades educacionais para as mulheres, outras organizações tem destacado o fato de que a polícia e as autoridades locais são muitas vezes as mais culpadas quando se trata de fazer cumprir casamentos arranjados. Hillary Clinton certa vez descreveu a violência sexual no Congo como “a humanidade no seu pior.” |
Fonte: Fashionatto
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