Durante evento nesta quinta-feira (17), a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva destacou a proteção ao bioma do Cerrado entre pautas prioritárias para a agenda ambiental no estado de Goiás.
De acordo com a ministra, Cerrado deve ganhar um Plano de Prevenção e Controle semelhante ao PPCDAm, criado para combater o desmatamento na Amazônia.
Em 2023, a região da Matopiba que abrange territórios no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, registrou a maior parte dos alvos de desmatamento no Cerrado.
Cerrado
A fala ocorreu em Goiânia, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), onde esteve para receber a comenda “Jornalista Washington Novaes”. O reconhecimento é entregue a indivíduos ou entidades que se destaquem na proteção e preservação do meio ambiente em Goiás.
De acordo com dados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), houve um aumento de 21% no desmatamento no bioma do Cerrado durante o primeiro semestre deste ano.
Em 2023, a pasta anunciou novas medidas para a proteção do bioma amazônico, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).
“Tivemos uma alta na região do Cerrado, principalmente na região do Matopiba”, afirmou Marina Silva. Nesse sentido, segundo ela, está em andamento a construção de um plano semelhante, dessa vez, voltado à proteção do Cerrado.
De acordo com a ministra, o plano deverá contar com eixos que integram ações de comando e controle; ordenamento territorial e fundiário, bem como o apoio para atividades produtivas sustentáveis.
“A gente precisa mudar o modelo de desenvolvimento. Para continuar gerando emprego e renda, criando um ciclo de prosperidade, mas respeitando as nossas comunidades locais e a biodiversidade”, frisou.
A ministra também citou a criação de marcos regulatórios e a condução de medidas que servirão de apoio para a transição em direção ao que chamou de “novo modelo”.
Transição ecológica
“Nós não vamos resolver as coisas da noite pro dia. É preciso que os investimentos sejam continuados e que possamos dar também o suporte tanto de financiamento e em alguns casos, isenções fiscais”, alertou.
Em coletiva com a imprensa, Marina Silva comentou sobre o trabalho coordenado com representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária, Ministério da Fazenda e Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima.
“Em um país como o Brasil, tem lugar para todos. Para o Agronegócio, extrativistas, agricultura familiar e para a indústria, desde que de base sustentável. O mundo não considerava essa variável, agora nós temos que fazer essa transição”, apontou.
Economia
“O mundo vai fechar as portas para os produtos que são carbono intensivo. A China vai fechar os seus mercados, a Europa já está fechando e os Estados Unidos. Ou nós vamos nos adaptar às exigências da mudança climática, ou iremos ficar trancados pelo lado de fora”, comparou.
A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima também destacou a imagem do país frente ao comércio exterior. Além disso, considerou o viés econômico como justificativa para crescimento sustentável.
“O Brasil é o endereço da Indústria Verde, da agricultura de baixo carbono, do hidrogênio verde e inclusive, para ajudar na crise energética que hoje o mundo está vivendo com a guerra na Ucrânia”, completou Marina Silva.
Reconhecimento
Durante entrevista, Marina Silva destacou a importância da homenagem recebida e citou o valor do trabalho desenvolvido pelo ambientalista Washington Novaes, um dos nomes de destaque no chamado Jornalismo Ambiental. Novaes faleceu em 2020, aos 86 anos, em Aparecida de Goiânia.
“O Washignton teve a capacidade de tirar o debate do mundo da academia e levar para a sociedade de modo geral de modo competente e muito incisiva”, pontuou.
A ministra ainda ressaltou o que chama de “ponte entre a Amazônia e o Cerrado”, bioma que nos últimos anos, chama a atenção de comunidades ligadas à proteção da agenda ambiental.