Para mulheres, o caminho até cargos de liderança nas empresas já é mais difícil do que para homens. Um novo estudo da organização sem fins lucrativos Catalyst analisou a trajetória de mulheres que fazem parte de minorias raciais nos Estados Unidos, e descobriu que os desafios para elas são consideravelmente maiores do que no caso de mulheres brancas – o que acaba resultando em diminuição da motivação para crescer na carreira. O estudo coletou depoimentos de mulheres que disseram se sentir “diferentes étnica e racialmente” no ambiente de trabalho – no geral dominado por homens brancos. Foram ouvidos mais de 2.400 profissionais formados em cursos de MBA nos Estados Unidos atualmente empregados, mas a organização destaca que os resultados podem ser aplicados em outros países onde há predominância de um determinado grupo étnico no ambiente corporativo. Segundo os dados, mulheres que fazem parte de minorias raciais são o grupo de profissionais com menos chances de alcançar cargos executivos, quando comparadas com homens que também se consideram etnicamente diferentes e mulheres e homens brancos. Quando analisado o número de promoções recebidas pelos profissionais nos últimos dois anos, as mulheres que se consideram etnicamente distintas da maioria também ficaram com os menores resultados. De acordo com a Catalyst, diferenças na experiência profissional dos entrevistados não são suficientes para explicar a discrepância encontrada. A principal explicação é a falta de mentores em cargos seniores. Pesquisas anteriores já mostraram que há relação direta entre ter um profissional de cargo alto como mentor e avançar na própria carreira. Ainda que a pesquisa mostre que todos os profissionais têm chances iguais de possuírem mentores na empresa onde trabalham, as mulheres de minorias étnicas são as que menos têm executivos seniores como “patrocinadores” – 58% delas têm um mentor no alto escalão, enquanto o mesmo acontece com 71% das mulheres brancas, 72% dos homens de minorias étnicas, e 77% dos homens brancos. A principal consequência desse contexto para as profissionais é um “ajuste” de ambições e expectativas na carreira, mesmo após a troca de emprego e empresa. Um número maior de mulheres de minorias étnicas (46%) admite diminuir suas aspirações profissionais, na comparação com todos os outros grupos. No caso de homens brancos, por exemplo, apenas 20% responderam da mesma forma. A Catalyst alerta, portanto, que as empresas devem atentar para essas formas de preconceitos velados na hora de promover a inclusão de profissionais da companhia. “Funcionários com alto potencial que passam por essas experiências de exclusão em dimensões diferentes sofrem desvantagens no ambiente de trabalho mesmo quando eles fazem ‘todas as coisas certas'”, diz o relatório. |
Fonte: Valor Econômico
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