Mediado pela companheira Cristina Buarque [PSB/PE], o sexto e último painel da solenidade IV Encontro Internacional de Mulheres Socialistas tratou sobre “A Realidade dos Organismos de Mulheres dos Partidos Socialistas no Brasil, na América Latina e seu Papel nas Eleições”.
Shady Medina, secretária de relações internacionais do Partido Revolucionário Freberista do Paraguai, iniciou o painel de forma emocionante: pediu a todas e todos presentes que fosse feito um minuto de silêncio pela memória a todas as vidas femininas ceifadas em decorrência da violência e do feminicídio. Para ela, “avançar a partir do interior dos partidos, é um trabalho árduo, mas que deve ser feito sob a temática da igualdade e da participação interna e efetiva da mulher dentro do partido, para que, primeiro a democratização partidária se torne uma realidade”.
A companheira paraguaia também se disse muito contente com a união da CSL com PSB e com tudo que foi dito durante o IV Encontro: “é uma mensagem de unidade, sinto-me comprometida, é mais que um privilégio é um compromisso.”. Ela também voltou a reforçar que o limite político não deve atrapalhar na unidade das mulheres do mundo todo, principalmente da América Latina e encerrou dizendo que “se conquistarmos a democracia e a defendermos, o povo unido jamais será vencido”.
Ana Luna Guillén, secretária nacional de mulheres do Partido Socialista do Peru e segunda debatedora da manhã do dia 2 de dezembro, disse que no Peru também existe uma luta muito forte contra o machismo, já que uma mulher é assassinada a cada dois dias, apesar de existir lei contra o feminicídio desde 2009.
No entanto, além da legislação contra feminicídio não ter uma grande eficácia naquele país, as manifestações feministas são maiores que as partidárias, e que a religião também se tornou muito intervencionista no país, visto que os peruanos têm colocado a bíblia acima da constituição. Ana Luna completou dizendo “a revolução será feminista ou não será uma revolução!”.
Jaqueline Moraes, vice-governadora do Espírito Santo, destacou que a origem do poder político que sempre foi branco e masculino: “um homem quando usa de exaltação ou de bravura para exprimir uma ideia é viril. Já quando uma mulher faz a mesma coisa ela é histérica”. Baseado nisso Jaqueline contrapôs apesar de o poder sempre ter sido branco e masculino; e de que quando a mulher se põe numa posição firme ela se torna “histérica”.
Para a vice-governadora, as mulheres têm uma carta na manga que é a total capacidade de mobilização e de envolvimento, porque isso “é da mulher”, afirmou.
Jaqueline que, de vendedora ambulante se tornou vice-governadoragraças aos trabalhos de formação política, disse que uma das chaves para ‘tomar’ espaço político é “pegar o incômodo e levá lo para um espaço de fala, pegar a voz e agregar pessoas para criar um lugar de fala”.
Antes de passar a palavra à secretária nacional de mulheres do PSB, a mediadora Cristina Buarque, construiu uma interlocução com a fala da vice-governadora, Jaqueline Moraes: “a trajetória você não define, mas o lugar de fala você decide”, disse Cristina.
Para finalizar o painel e o IV Encontro Internacional de Mulheres Socialistas, Dora Pires, secretária nacional de mulheres, abordou a polarização entre as forças conservadoras e direitistas, que acometem não só em partidos de direita e de extrema-direita, mas também do conservadorismo partidário interno que achata e invisibiliza as mulheres que querem se engajar no universo político: “é uma realidade que denota a exclusão dentro partido”.
Dora discorreu também sobre o atual governo de Jair Bolsonaro, eleito em 2018. Segundo a secretária nacional “só quem pode unir forças para se desfazer desse golpe são os próprios partidos políticos, porque o estímulo do povo vem dos partidos.”
A líder socialista destacou que o PSB foi o único partido de esquerda que se prontificou a fazer uma autocrítica para propor um novo momento e uma nova realidade para o Brasil.
Em vários anos, a democracia brasileira e os governos anteriores não conseguiram fazer com que a sociedade brasileira de minorias e direitos das mulheres fossem garantidos, porque, segundo ela, “cada menina que entra é um menino que sai e é isso que eles não querem. O poder é a única forma de transformação única do mundo. resistir e lutar por esse lugar.”.
Na ocasião, Dora também agradeceu ao presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, pois para ela “a maioria dos partidos não assumem as pautas feministas, assumem as pauta mais brandas para fora, mas quando chega nas pautas de maior importância, como a do aborto, fazem questão de barrar”. No entanto, esse não é o caso do PSB, posto que o presidente se mostra compreensível e aberto ao diálogo das pautas de todos os segmentos organizados do PSB.